segunda-feira, 11 de maio de 2009

ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA

Neste mês de maio, comemora-se a Abolição da Escravatura no nosso país e este fenômeno social nos faz lembrar com tristeza da dominação dos brancos sob os negros. Foram anos de exploração até que a Princesa Isabel, no dia 13 de maio de 1888, assinou a Lei Áurea tornando livres os negros escravos. Porém, não foi dado aos negros condições de viver dignamente na sociedade e lutam até hoje por uma liberdade plena para apagar de vez a sua exclusão social. Segundo Milton Santos, geógrafo e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo comenta “O fato de que o trabalho do negro tenha sido, desde o início da história econômica, essencial à manutenção do bem-estar das classes dominantes deu-lhe um papel central na gestação e perpetuação de uma ética conservadora e desigualitária.”É necessário erradicar todas as formas de escravidão para termos uma sociedade mais justa, fraterna,agregadora. Uma sociedade onde todos são iguais perante a lei.
O poema de Castro Alves “Navio Negreiro”nos mostra o sofrimento dos negros ao serem transportados da África para o Brasil. Abaixo estão trechos do poema:
I
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar - dourada borboleta
-E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
- Constelações do líquido tesouro...
[...]
V
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendo a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra, irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambeleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enloquece,
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra.
E após fitando o céu que se desdobra
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoieros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!...
"E ri-se a orquestra irônica, estridentre...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual num sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Navio_Negreiro"